AVENTURAS
EM BLUMENAU
das capivaras às cinzas do vulcão Puyehue
Em 2005, lá
pelos meus 33 anos, me aconteceu o esperado, casar com uma pessoa que não era
baiano (sim, eu tinha certeza disso), porém também inesperado pois teria de ir
morar em Blumenau, lugar que nunca imaginei como possibilidade de residência.
Hoje, quase
sete anos depois, só posso descrever essa minha experiência nova de vida como
uma aventura diária. Situações inusitadas acontecem sempre, afinal é o
despertar para uma nova realidade. Às vezes sofremos, mas o consolo é saber que
estamos amadurecendo, outras vezes sorrimos e nos divertimos com o que
acontece. E é para sorrir que resolvi compartilhar tais experiências neste
singelo texto.
Nasci e fui
criada em Salvador, Bahia. Ao nascer, meus pais moravam em Ondina. Com um ano
eles mudaram para a Pituba. Quando eu estava com meus 4 anos de idade, eles mudaram
de endereço mais uma vez, agora para Amaralina, onde ficamos por uns longos
quinze anos. E mudamos para a Pituba, onde ainda moram.
Quase não
conheci outras cidades fora da Bahia. Fui em Aracaju e Rio de Janeiro ainda pequena,
não lembro de muita coisa. Já adulta estive em Recife e Olinda, São Paulo e
Lisboa. Ahh, mas lembrei agora, em 2000, passei uma semana em Cuiabá e no
jornal local mostraram um jacaré sendo pego andando pela rua na cidade vizinha.
Entretanto, Cuiabá foi um caso isolado e rápido na minha vida, assim, minha
referência de cidade continuava sendo mesmo Salvador, com muitos prédios ou
casas colados uns aos outros. Em bairro nobre tem casas enormes com área verde,
mas os jardins e as piscinas ficavam na nossa imaginação, pois a grande maioria
das casas tinham muros e placas no portão alertando: “cão bravo”.
Apesar do
predomínio do concreto, Salvador é rodeada pela natureza, o mar...E eu tive
esse privilégio de sempre residir perto da praia. Ver o mar para mim é
terapêutico: alegra, tranquiliza e purifica a alma. A natureza se fazia presente: ao andar na
orla ou na areia da praia e depois tomar uma água de côco; no fim de semana ir
à praia e renovar as energias tomando um banho de mar; ver o pôr do sol no
Farol da Barra ou no Solar do Unhão; e no início da noite, ver a lua cheia
nascendo no horizonte, imensa e amarelada.
Mas a
vegetação urbana, para o meu modesto entendimento de uma moradora desatenta,
era mais restrita. Muitos coqueiros isso tinha, aliás ainda tem e muitas
árvores também, porém com pouca variedade. Lembro-me de muitas amendoeiras com
suas castanhas caídas no chão e também a ficus elástica (pesquisa na internet
para saber qual é tá) com suas raízes enormes que quase abalaram a estrutura da
nossa casa em Amaralina. Na época foi autorizada, pela prefeitura, o seu corte,
desde que, substituídas por coqueiros.
A fauna que
me recordo era composta de cães e gatos, ratos, baratas, formigas, muriçocas,
maruins, moscas, aranhas, lagartixa, lesma (esses três últimos sempre apareciam
no meu quarto da residência de Amaralina, aiiiii como sofri naquele quarto,
nheco). Mas lembro de bandos de periquitos voando, passarinhos e borboletinhas
amarelas. Na Pituba, ainda aparece, de vez em quando, cavalo passeando e
deixando rastro. Fora isso, bicho grande só no zoológico.
Como já
citei, mudei para Blumenau e tive de enfrentar alguns desafios e aventuras
decorrentes das novidades.
A cidade é
menor, e, para minha experiência, é mais sossegada, com menos violência e
trânsito menos conturbado. Entretanto são muitos os acidentes no trânsito.
Muitos motoqueiros, e motoqueiras.
Aqui ainda
predominam as casas, na sua maioria com jardim, muitas flores e árvores
diversas. Árvores e flores que nunca tinha visto. Realmente é algo de se
admirar. Logo no primeiro ano me surpreendi passeado por Blumenau, ao ver sítios em plena cidade. Alguns deles
até têm gado pastando. Também é comum nesses jardins terem uma horta caseira.
Nos dois
primeiros anos, sofri muito com o frio. Até meados de dezembro eu ainda sentia
frio, agora já acostumei. Uma grande novidade é saber que aqui no sul o famoso
ar condicionado serve tanto para resfriar, quanto aquecer. Pois para mim, pouco
viajada, só o aquecedor, podia esquentar o ambiente.
Indo passear
em Florianópolis, percebi ao longo da estrada alguns out-doors contorcidos e
árvores reviradas, troncos caídos no chão. Aquilo me surpreendeu, mas não
comentei nada. Com o passar do tempo, continuava vendo cenas semelhantes e o
que eu temia foi constatado ser real: acontecem ventanias em Santa Catarina.
Ventos em torno de 120 a 140 km por hora.
No verão
também é comum aconterem temporais no fim da tarde. Geralmente o dia é bem
bonito, de sol e calor, mas lá pelas 16 horas o tempo muda, o céu fica repleto
de nuvens muito escuras, começa a trovejar e cai a chuva. O problema é que eu
não tinha o hábito de ouvir tanta trovoada junta, muito menos trovões
demorados. Morria de medo. Acostumei, passei a respeitar ainda mais os raios e
trovoadas, mas ano passado uma faísca caiu no telhado da casa de minha cunhada
em Pomerode. Queimou telefone, computador, televisão....tá doido!!!!
A cidade é
recortada por riachos e, portanto é cheia de pequenas pontes. O rio principal o
Itajaí-Açú, passa no centro comercial de Blumenau. Um belo dia eu andava pelo
centro e, ao atravessar uma ponte perto da prefeitura, olho para o braço de rio
e o que vejo no gramado? Uma família de capivaras. É comum elas passearem
próximo ao rio.
Sobre
vegetação urbana, já falei que aqui tem muitas árvores e flores. É muito lindo
o colorido das flores e de algumas árvores quando florescem. Mas agora é hora
da fauna. Aqui também tem cães, gatos, ratos, baratas, lagartixa, mosquito,
muita formiga, e muitos, muitos pássaros.
Moro em um
condomínio residencial e, na lateral da nossa casa tem uma área de preservação
da floresta atlântica. Ao amanhecer os pássaros fazem a festa cantando. Sempre
vejo beija-flor e borboletas de todas as cores. Outro dia vi um casal de
pássaros azuis. Nesse ponto, a natureza aqui é primorosa. Teve um período em
que sempre via vagalumes à noite. Infelizmente agora tem um poste bem na
direção da área verde e não os vejo mais.
Na nossa
garagem, meu esposo Adroaldo, de vez enquando, encontra uma aranha
caranguejeira. Graças à Deus, ainda não me deparei com elas. Se chover os sapos e rãs vêm passear pelas
ruas do condomínio. Na frente da casa do nosso vizinho encontraram uma cobra
que parecia ser coral. E, finalmente, fui apresentada ao maruim. Até então só
sentia suas picadas, mas Adroado conseguiu fazer a proeza de matá-lo e me
mostrar. Ele é do tamanho do ponto no final da frase.
O sol se põe
na frente da nossa casa. Temos muitos finais de tarde bem bonitas. Alaranjadas,
rosada, azul com rosa, lilás. Em um desses finais de tarde agradáveis, estava
eu e Adroaldo na varanda e ao olharmos para as árvores, levei um susto! Minha
nossa um macaco enorme andando nos galhos das árvores. Era o macaco bugio
espécie comum na região. Que tal?
No verão
também fui apresentada aos lagartões meio esverdeados. Eles saem pelas bocas de
lobo do condomínio como se quizessem tomar um fresquinho. Medem de 50
centímetros a 1 metro. Será que eu me assustei quando vi o primeiro deles
andando por aqui?
Gambá para
mim era igual ao do desenho animado, preto com listras brancas. Mas eles também
costumam passear pelo nosso condomínio e lá vinha aquele bichinho marrom e de
rabo comprido correndo pelo meio fio. Para mim era uma ratazana, mas o meu guia
de assuntos da fauna blumenauense (Adroaldo) , afirmou ser um gambá. Fiquei
meio decepcionada pela faltas das listras, mas atualmente já acho eles
engraçadinhos.
Em novembro
de 2008, aconteceu a enchente com deslizamentos de terra, que abalou e
emocionou o Brasil. Dois dias antes eu tinha viajado para Salvador, mas meu
esposo e suas filhas continuaram em Blumenau. Entretanto, nossa casa fica em
lugar protegido, alto e longe de morros que causem riscos de desabar. Mas não
foi fácil acompanhar pela televisão tudo o que aconteceu aqui. Agora em 2011,
houve outra enchente, mas a população e a Defesa Civil estava melhor preparada
e não houve mortes e menos deslizamentos de terra. Dessa vez eu estava na
cidade, me assustei um pouco, pois estava no Centro e vi a movimentação dos
lojistas já retirando as mercadorias, antecipando a enchente. Mas as pessoas no
geral pareciam bem controladas.
E, essa
semana teve a gota d’água das surpresas e aventuras em Blumenau. Não resisti e
corri para escrever, afinal é tudo muito
inusitado para minha origem soteropolitana. Aqui acontecem coisas que nunca
imaginei um dia vivenciar. Pois bem, terça-feira, dia 18/10/2011 à tarde, parei
o carro por umas 3 horas no bairro Itoupava Seca. Ao retornar, o carro estava
imundo de poeira esbranquiçada. Achei estranho, mas como o ar estava seco e
tinha muita areia nos cantos da rua, pensei que fosse aquilo. Somente no dia
seguinte fui saber o que houve. As cinzas do vulcão Puyehue localizado no Chile chegaram aqui em Santa
Catarina, em cima do meu carro, e hoje, quinta-feira dia 20/10/2011 chegou na
varanda da minha casa!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Vejam as fotos. Não estão muito nítidas porque
o granito é manchadinho, mas foi o que deu para fazer.
Acho que vou
marcar uma consulta no cardiologista... “São
muitas emoções!!!”
Obrigado
àqueles que tiveram paciência para ler esse tratado.
Beijos
Jaqueline
20/10/2011
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